Flávia Catussi
Hoje faz um ano… lembro-me com detalhes da minha internação, momentos horríveis que espero um dia esquecer… Para todos os médicos que conto meu caso é a mesma cara de espanto, alguns dizem que tive muita sorte, pois corri sério risco de não sobreviver. Prefiro acreditar que Deus coloca as pessoas certas nos momentos certos e que fui muito abençoada por um milagre dele.
Após duas semanas de “intensas e fortes” dores nas costas, de vários possíveis diagnósticos não confirmados e de passar por alguns médicos (ortopedista e urologista), passei a ter fortes dores abdominais; e em mais uma ida ao pronto atendimento no hospital fui alertada pela médica plantonista que eu poderia estar com uma úlcera rompida e deveria procurar um gastroenterologista o mais rápido possível.
Pedi uma indicação, pois, meu médico de costume estava fora do país, ela me passou uma relação com cinco nomes, comecei a ligar: o primeiro não atendeu, o segundo só dava sinal de ocupado, o terceiro só tinha vaga para o próximo mês, eis que no quarto nome consegui um encaixe para o dia seguinte, (eu mal sabia que era um sinal de Deus me mostrando que tinha que ser esse).
Após uma atenciosa consulta e com as dores aumentando muito, fui internada para a realização de uma endoscopia, (prefiro não comentar os longos momentos da pré-internação, pois esses quero apagar da memória).
Entre a noite da internação e a manhã seguinte da endoscopia em alguns momentos eu realmente achei que morreria de tanta dor.
A endoscopia mostrou uma gastrite moderada, até aí nenhuma surpresa, pois sempre tive gastrite; neste momento o médico me disse que pediria mais alguns exames, pois não estava convencido de que a gastrite era a causa das fortes dores que eu sentia, (eis aí a obra de Deus) o simples fato do “gastro” ter investigado mais a fundo meu caso salvou a minha vida e mostra que ainda existem médicos humanos e sensíveis.
Após um hemograma que se mostrou bastante alterado, com sinais de uma grave infecção, ele solicitou uma tomografia onde descobriu uma TROMBOSE na veia mesentérica superior, se estendendo até a veia porta, acarretando em um espessamento parietal das alças delgadas (intestino).
Recebi a notícia como um choque que me paralisou no momento, me lembro do médico infectologista entrando no quarto e me explicando sobre a gravidade do quadro, sobre a médica hematologista que viria a me acompanhar, o tratamento com anticoagulante, os riscos de uma cirurgia em um paciente anticoagulado, os demais exames que eu ainda seria submetida, os dias que ainda ficaria internada… e eu o olhava e via minha vida passando como um filme diante dos meus olhos, o rostinho da minha filha e senti muito medo…
Com 37 anos, nenhum tipo de doença, nunca fumei, nenhum caso de trombose na família, mas… fazia uso de ANTICONCEPCIONAL desde os 18 anos. Fiz uso de DIANE e SELENE alternadamente durante 19 anos, sempre prescritos por médicos ginecologistas “para tratar a Síndrome do Ovário Policístico” e só hoje após o ocorrido que descobri que a SOP não se trata com anticoncepcionais…
Faço uso de anticoagulante oral até hoje, talvez faça uso pela vida toda, não necessitei de nenhuma cirurgia e nem tive nenhuma sequela, graças a Deus!
Nunca mais poderei fazer uso de qualquer tipo de tratamento hormonal, faço exame de sangue a cada 15 dias para controle (TAP/INR), algumas restrições na alimentação e com medicações, além dos riscos de hemorragia e não ser recomendado uma nova gravidez devido o alto risco de formar novos trombos.
É difícil pensar que isso tudo poderia ter sido evitado… difícil pensar que quase perdi minha vida por conta de um anticoncepcional. FICA O ALERTA!
Só agradeço a Deus pela segunda chance que me foi dada e as orações de toda minha família, amigos e pessoas que conheci na época, pois me deram todo o apoio e suporte que eu precisava para seguir em frente!
Muito obrigado!